Muitas pessoas afirmam que já perdoaram um desafeto. Geralmente,
quando afirmam isso, na verdade, decidiram entregar o caso a Deus,
afastar-se da pessoa, como se diz “deixar pra lá…” e tocar a sua vida,
deixando o Tempo decidir o que é certo, o que é errado, que irá mostrar a
verdade. As pessoas boas de coração possuem a capacidade de aceitar as
atitudes de outras pessoas que lhes fizeram mal, que lhes fizeram ou
fazem sofrer e, muitas vezes, elas são até incompreendidas por essa
capacidade de amar e perdoar. São Espíritos mais antigos e mais elevados
em seu grau de consciência e discernimento, e sabem que perdoar faz bem
principalmente para si mesmos, que entendem que não vale a pena
permanecer aferrado a uma mágoa, a uma raiva, a uma aversão, pois é como
um veneno que se ingere diariamente e que vai destruindo os
pensamentos, os sentimentos e o corpo físico de quem costuma permanecer
remoendo fatos passados.
Outras pessoas dizem que querem perdoar alguém mas acreditam que
perdoar é impossível, e que apenas um Ser superior como Jesus poderia
perdoar. São Espíritos em um grau um pouquinho menos elevado de
consciência, mas que já tem a suficiente elevação para querer perdoar,
já entenderam que o beneficiado maior é quem perdoa, conhecem as Leis
Divinas da atração pelos cordões energéticos e até levantam a
possibilidade de, em encarnações anteriores, terem agido mal,
prejudicado, o atual “vilão”.
Outros dizem que não querem perdoar um inimigo porque tem razão na
sua mágoa ou no seu ódio por essa pessoa. Não esquecem o que foi feito
contra eles, ou o que deixou de ser feito, não toleram o que lhes fazem
ou não fazem, enfim, acreditam-se com absoluta razão para decretar que
aquela pessoa é um vilão, que esteve ou está errado, que é mau, não
merece seu perdão e terá de se entender com Deus.
Enfim, nessa questão de “Perdão” encontram-se as mais variadas
opiniões, os mais diversos raciocínios, dependendo do grau de elevação
espiritual da pessoa que sofreu ou sofre um mal. Fico pensando que, se
somos um ser espiritual com, no mínimo 500.000 anos de existência + as
poucas décadas da nossa persona atual, como é arriscado ter uma opinião
firmada a esse respeito. Quando alguém sente mágoa ou raiva do seu pai
ou de sua mãe, pelo que lhe fez ou deixou de fazer na sua infância, como
pode afirmar estar certo, ter razão nesse sentimento, se não lembra de
duas questões importantíssimas:
1. Por que seu Espírito “pediu”, o que significa em outras palavras, que necessitou desse pai ou dessa mãe?
2. O que pode ter feito para ele(a) em encarnações passadas de igual ou pior teor?
Se a mágoa ou a raiva é em relação a seu marido ou ex-marido, sua
esposa ou ex-esposa, outro familiar, um amigo que lhe traiu, lhe
enganou, enfim, um acontecimento durante a vida, se pensar nessas mesmas
duas questões, poderá afirmar com convicção que tem razão?
Nós somos um ser, que chamamos de Espírito, muito antigo, vivemos
centenas ou milhares de encarnações, todo esse tempo, tudo o que
aconteceu, o que fizemos, o que nos fizeram, guardado dentro do nosso
Inconsciente, apenas lembramos dessa vida atual, poucas décadas de vida,
vocês não acham extremamente arriscado decidir coisas como “Não vou
perdoar!”, “Ele(a) me fez(faz) mal, sou(fui) sua vítima!”, “Ele(a) não
merece perdão!”, etc?
Lá no Mundo Espiritual existe algo que aqui na Terra ainda não
existe: o Telão. Quando voltamos para Casa, durante a nossa permanência
no período intervidas, em um certo momento, somos chamados a assistir um
filmezinho de nossas vidas passadas, o que fizemos, o que não fizemos,
como éramos, e, ao contrário da Regressão Terapêutica realizada por nós
aqui na Terra durante um tratamento de Psicoterapia Reencarnacionista,
no qual é vedado incentivar o reconhecimento de pessoas no passado, lá
em cima, na sessão de Telão, os Mentores oportunizam esse
reconhecimento, tanto da “vítima” como do(a) “vilão(ã)”, e o resultado
dessa viagem no tempo é uma cena chocante de arrependimento, de vergonha
e de frustração, por não termos, na vida encarnada anterior, alcançado o
que havíamos proposto a nós mesmos: o resgate e a harmonização com
aquele Espírito que sabíamos iríamos encontrar aqui na Terra, para
fazermos as pazes, e, pelo contrário, mantivemos a nossa tendência
anterior, arcaica, de nos magoarmos, de odiarmos, de sentirmos aversão a
ele. E nesse momento, quando a verdade está ali, escancarada à nossa
frente, percebemos que perdemos uma grande oportunidade de nos
reconciliarmos com aquele antigo desafeto e, com isso, elevarmos o nosso
grau espiritual e, com bastante freqüência, nos redimirmos do que
havíamos feito a ele, até pior, em encarnações passadas.
Em um livro acerca do uso de substâncias de tendência autodestrutiva (Como evoluir espiritualmente numa droga de mundo, ainda inédito, a ser lançado em 2011),
em que muitas vezes por traz desse hábito encontra-se mágoa, rejeição,
raiva, é muito importante trazer essa mensagem, de que é extremamente
perigoso julgar alguém, condenar-se uma pessoa, decretar quem é o vilão e
quem é a vítima, considerando que 20, 30, 40, 50 anos de vida é muito
pouco comparado com milhares e milhares de anos, que é a idade do nosso
Espírito. Em um tratamento com Psicoterapia Reencarnacionista, do qual
faz parte as “sessões de Telão”, realizadas pelo terapeuta mas
totalmente comandadas pelos Mentores Espirituais das pessoas, é
relativamente freqüente encontrar-se depois da visita às encarnações
mais recentes, vidas mais anteriores em que trocam-se os papéis, e a
atual “vítima” descobre-se um “vilão” e o atual “vilão” como sua vítima…
E a pessoa que fumava, bebia, usava drogas, para amenizar a sua mágoa,
acalmar a sua raiva, para vingar-se ou para agredir o “vilão” (muitas
vezes o seu pai ou sua mãe), o que faz agora com essa descoberta?
Tenho dito em palestras que podemos fazer duas coisas:
1. Aguardarmos a morte do nosso corpo físico e o nosso
desencarne e assistirmos as sessões de Telão no Mundo Espiritual e nos
encaixarmos na estatística oficial de 99% de frustrações,
arrependimentos e vergonha.
2. Assistir essas sessões aqui, durante a encarnação,
quando ainda estamos “vivos” e podemos, pela mudança radical do nosso
raciocínio, perceber o nosso erro de interpretação, e resolvermos
reavaliar completamente a nossa infância e a nossa vida, substituindo a
“versão persona” da nossa história pela “versão Espírito”, e, com isso,
amenizarmos os nossos sentimentos inferiores, elevarmos o nosso grau
espiritual e nos reconciliarmos com antigos desafetos que “pedimos” para
reencontrar.
E quando deixamos de nos sentir “vítimas” nem precisamos mais
perdoar, precisamos é pedir perdão pelo que fizemos em nosso passado
para o(a) atual “vilão(ã), e que Deus, em Sua Absoluta Justiça, nos
presenteou com esse reencontro. Essa mudança de raciocínio, esse novo
tipo de enfoque, essa abertura para a verdadeira história de conflito
entre Espíritos há séculos digladiantes, opera verdadeiros milagres,
pois ao invés de sabermos disso apenas lá em cima, para deixarmos para a
próxima encarnação (quando provavelmente erraremos novamente…), podemos
fazer isso agora, já, aqui na Terra, nessa encarnação mesmo, acertando o
nosso rumo, retificando o nosso pensamento e sentimento, e aproveitando
a atual encarnação para alcançarmos o crescimento espiritual almejado
há tanto tempo e há tanto tempo adiado.
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