quinta-feira, 26 de junho de 2014

Lançamento de hoje tem prefácio de João Barone


Hoje temos o lançamento do livro U-93, do autor Marcelo Monteiro.
Com prefácio de João Barone, baterista da banda Paralamas do Sucesso e um aficionado pelo tema Segunda Guerra Mundial, ele nem sabe bem como essa paixão começou. Mas a curiosidade sobre a participação do pai na Força Expedicionária Brasileira (FEB), o contingente de 25 mil brasileiros que lutou na Segunda Guerra, certamente foi a fagulha. Colecionador de capacetes, uniformes, material militar - "menos armas, que eu não curto" - e dono de dois jipes da época, guardados em Araras, o baterista já perdeu a conta do número de livros que comprou sobre o conflito, uma verdadeira convulsão planetária que redefiniu a geopolítica no século XX. Mesmo sem ter cursado História, João virou especialista no tema. João escreveu dois livros sobre o assunto, 1942: O Brasil e a sua guerra quase desconhecida e A minha Segunda Guerra.



Leia abaixo o prefácio escrito por ele:

A Humanidade foi pontuada por inúmeros eventos que parecem aumentar de importância, na medida em que o tempo escorre sem fim pela sua ampulheta. Sempre haverá o risco do esquecimento de episódios importantes da História Universal, em sua cruel trajetória, se não forem obstinadamente relembrados por entre os infinitos grãos da areia que a constrói. No momento em que se marcam os 100 anos do final da “guerra para acabar com as guerras” (como escreveu na época o renomado escritor H.G.Wells), vemos uma valiosa narrativa que nos arrebata com um fato pouquíssimo conhecido: a participação do Brasil na Grande Guerra. Quem acompanhar os capítulos do U-93 será surpreendido página por página ao constatar como fatos históricos podem se repetir com tamanha bizarra semelhança e como nossa própria História é tão desvalorizada em nosso país. 
A Primeira Guerra Mundial é considerada uma das guerras mais sangrentas – e insanas – da História, um conflito que mais lembra um tabuleiro arrumado com milhões de pedras de dominó que tombam numa orquestrada coreografia. Este livro é um excelente referencial para quem procura entender um pouco deste complicado conflito. O mundo começava a mudar de forma radical, sendo que nem mesmo o Brasil, uma recém-nascida república, conseguiu escapar da primeira guerra em larga escala do planeta. Não adiantou a tentativa da política nacional de se esquivar do conflito, mantendo os canais comerciais com os beligerantes, o que não evitou a retaliação dos submersíveis alemães, que afundaram vários navios brasileiros. Depois de um tempo até demasiado, a escalada de represálias gerou o rompimento de relações diplomáticas e o confisco de bens da Alemanha no Brasil – como navios e contas bancárias –, além da inevitável perseguição aos alemães que viviam no país. (Mas de que guerra estamos falando mesmo?) Ah, sim, até que houve a declaração formal de beligerância à Alemanha agressora e seus aliados, em outubro de 1917. O Brasil já tentava entrar no bonde da globalização nesse momento. Qualquer semelhança com o que acontecerá dali a 25 anos não será mera coincidência. 
Somando-se a uma das maiores chacinas humanas já dimensionadas pela História, a Primeira Guerra ainda contou com a pandemia da gripe espanhola, que foi disseminada ao redor do mundo pela própria guerra, ceifando mais alguns milhões de vidas. O massacre da população armênia pelo Império Otomano, ocorrido durante o conflito, foi uma horripilante preliminar do que a História classificaria dentro em breve como genocídio. Não é à toa que a Grande Guerra é considerada apenas o trailer para a Segunda Guerra Mundial. 

No momento em que assistimos com preocupação aos fatos conturbados do Leste Europeu ocorridos na Ucrânia, é de inestimável valor repassar os fatídicos acontecimentos de 100 anos atrás. Afinal, muita gente hoje acha que Franz Ferdinand é tão somente o nome de uma banda de rock, e o único fato às vezes lembrado sobre o Brasil na Primeira Guerra foi quando nossa Marinha teria atacado um cardume de peixes pensando se tratar de um submarino alemão. Agora, não há mais desculpa para quem desconhece mais essa página de nossa História.” 

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